terça-feira, 22 de abril de 2014
DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO
O uso de células-tronco para fins medicinais é aceitável se o embrião estiver nas fases mais iniciais de seu desenvolvimento?
Pesquisadores americanos descobriram que as células-tronco podem ser retiradas nas fases iniciais do seu desenvolvimento, na fase de mórula, tentando dessa forma, diminuir a polêmica sobre a morte de embriões, que muitos consideram com um aborto.
A cura das doenças, tem sido uma busca constante da humanidade. A descoberta de células-tronco indiferenciadas, que possuem a capacidade de se transformar em outras células quando adicionadas as tecidos lesionados, tem gerado esperanças para pessoas portadoras de doenças degenerativas como o Mal de Alzeimer, por exemplo. Por outro lado, a retirada de células-tronco de embriões, tem gerado muita polêmica, já que embriões precisam ser mortos, para que suas células sejam utilizadas nos experimentos.
Conheça a polêmica
Após a fecundação e a formação de uma célula ovo ou zigoto, inicia-se o desenvolvimento embrionário, onde se seguem as fases de mórula, blástula, gástrula e neurula. Na fase de mórula o embrião tem aproximadamente 16 células, já na fase de blástula 100 células. Na fase de neurula, os tecidos embrionários começam a se diferenciar, formando, por exemplo, a notocorda, que mais tarde, irá originar a coluna vertebral.
Pesquisadores americanos retiravam habitualmente para experimentos, células na fase de blástula do embrião. Descobriram, no entanto, que essas células também podem ser retiradas na fase de mórula, uma fase anterior no desenvolvimento embrionário humano.
No Brasil, experimentos com células-tronco, foram liberados pelo Senado em outubro de 2004, mas só podem ser utilizados embriões descartados de técnicas de fertilização in vitro, que estejam congelados a mais de 3 anos, e que seriam descartados. No entanto, essa lei de biossegurança está sendo modificada. Vários grupos se colocam contra a pesquisa com embriões. A Igreja Católica, por exemplo, trabalha para reunir um milhão de assinaturas no país todo, e enviar para o Congresso Nacional para solicitar a suspensão da pesquisa de embriões.
As células-tronco são células capazes de se diferenciar em diversas células, componentes dos diversos tecidos de um organismo. São encontradas na imensa maioria dos seres vivos multicelulares, desde os primeiros estágios embrionários até o organismo adulto.
Da formação da primeira célula, até quando o ser vivo está pronto para o nascimento, acontecem, nos animais, algumas etapas, na seguinte seqüência básica: mórula, blástula, gástrula, nêurula e organogênese. Durante estas etapas, o seres vivos vão se tornando cada vez mais complexos e suas células estão cada vez mais diferentes entre si, ou diferenciadas entre si. Assim, quanto mais avançado for o desenvolvimento, mais diferenciadas estão as células e mais difícil é encontrar células capazes de formar diferentes tecidos, pois encontramos um grau maior de especialização.
Podemos considerar assim, que as "melhores" células-tronco são encontradas então, nos primeiros estágios do desenvolvimento embrionário ou seja, nas etapas de mórula e blástula. Nestas fases, é como se as células fossem uma folha em branco, onde podemos desenhar qualquer coisa de um organismo. Dependendo do estágio de vida de um organismo então, podemos classificar os diferentes tipos de células tronco, de acordo com sua capacidade de diferenciação.
De acordo com essa capacidade, podemos então utilizar as células-tronco de maneira terapêutica, ou seja, implantar células-tronco em um indivíduo para que possa, por exemplo, se diferenciar reconstituindo um tecido danificado. Os seres humanos adultos, por exemplo, possuem células-tronco, mas como sua capacidade de diferenciação não é tão alta, sua aplicação terapêutica é restrita.
Por isso, um dos grandes debates da ciência atual é a utilização da clonagem terapêutica.
Para recapitular; uma clonagem é quando pegamos o núcleo de uma célula de um indivíduo e o implantamos em um óvulo anucleado. Posteriormente estimula-se in-vitro ou em in-vivo o desenvolvimento deste e assim, teremos a formação de um organismo com a mesma carga genética do doador do núcleo celular. A clonagem terapêutica seria então, estimular o desenvolvimento de um clone de um ser vivo, com o único objetivo de poder retirar células nos primeiros estágios embrionários e, assim, poder aplicar de modo terapêutico as células tronco com maior capacidade de diferenciação.
No entanto, os cientistas não são unânimes com relação ao seu uso, pois existem muitos aspectos favoráveis e desfavoráveis. A primeira e importantíssima questão discutida pela comunidade científica atual é: Quando começa a vida? Para muitos cientistas, o começo da vida se dá, nos seres humanos, a partir do décimo quarto dia, quando há o início da formação do sistema nervoso (neurulação). Quando isto é considerado verdadeiro, não há muitos problemas éticos com relação ao uso das células da mórula ou blástula, pois estas antecedem o estágio de nêurula, onde há a formação do sistema nervoso. No entanto, muitos cientistas consideram que a vida começa no momento em que ocorre a fecundação e, assim, ao utilizarmos as células-tronco de mórula e blástula, estaríamos necessariamente sacrificando uma vida. Outro argumento defendido por estes cientistas é que, mesmo a vida começando no décimo quarto dia, quando há a fecundação têm-se a certeza de que uma vida irá ser formada e assim haveria sacrifício de uma vida indefesa da mesma maneira e, tais argumentos são extremamente defendidos também por diversas religiões.
Em países como Estados Unidos e Canadá, por exemplo, esses experimentos já estão liberados.
Pesquisadores acreditam ainda que é possível retirar 2 ou 3 células na forma de biópsia e manter o embrião vivo, para possível implante no útero materno, no caso da fecundação in vitro. Mas, por enquanto, ainda é impossível manter o embrião vivo após a retirada de suas células.
Embora esta discussão muitas vezes seja necessária para se iniciar um debate a respeito da clonagem terapêutica, podemos discutir pontos de vista favoráveis ou desfavoráveis, mesmo sem ter uma opinião concreta sobre o momento em que começa a vida. Por exemplo, se de um lado é comprovado cientificamente o sucesso de células tronco em muitas terapias, também é comprovado que em alguns casos a divisão celular ocorre de maneira indesejada ocasionando tumores que podem ser benignos ou malignos.
Para tentar solucionar o problema de que as melhores células-tronco são as embrionárias, mas para sua utilização é necessário que haja o sacrifício de embriões, alguns cientistas da atualidade estão propondo uma linha de pesquisa que vem mostrando sucesso com uma possível “regressão genética” de células, para que células de um adulto possam se tornar novamente indiferenciadas. Apesar de ser uma técnica promissora, na atualidade a ciência ainda tem que trabalhar com embriões humanos e os diversos países têm opiniões diferentes a respeito deste fato.
No Brasil a legislação sobre o assunto admite a possibilidade do uso de embriões inviáveis, ou que estejam congelados a mais de três anos, o que de qualquer maneira prejudicaria sua viabilidade. Mesmo assim, é necessário consentimento dos progenitores.
Atualmente está em discussão no congresso a possibilidade de revogação desta lei e consequentemente impossibilidade de utilização destes embriões. Um dos grandes receios das autoridades, tanto políticas como científicas para a utilização dos embriões nestas condições, seria a banalização do estudo com os mesmos, com possível forjamento de embriões inviáveis para que assim, possa ocorrer as pesquisas.
Você acha que existe uma fase limite para retirada das células-tronco no embrião? A retirada na fase de mórula seria mais aceitável se comparada à remoção na fase de blástula? Ou você é contra o uso em qualquer situação, já que essa técnica pode ser considerada abortiva?
HORA DE REFLETIR!
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