sábado, 13 de fevereiro de 2010
O DOMÍNIO ARCHAEA
O Domínio Archaea é caracterizado por microrganismos procarióticos evolutivamente distintos dos organismos alocados no Domínio Bacteria (Adams, 1995). Uma grande variedade de Archaea possui metabolismo anaeróbio obrigatório, enquanto que outras espécies são encontradas em ambientes extremos, tais como fontes
geotermais, hábitats com elevada salinidade, solos e sistemas aquáticos altamente ácidos ou alcalinos. Pode-se dizer que certas espécies de Archaea definem claramente os limites de tolerância biológica nos extremos físicos e químicos da vida na Terra.
Em 1995, Carl R. Woese apresentou suas impressões sobre o surgimento do novo Domínio Archaea. O autor registrou que o aparecimento repentino das Archaea (inicialmente denominadas Archaebacteria, Archeobacteria ou Archeote) - negando dogmas da Biologia, como a divisão dos seres vivos em eucariontes e procariontes, de acordo com a presença de núcleo organizado e maquinaria genética - ocasionou uma revolução na classificação dos organismos, pois surgia uma terceira forma de vida, cuja estrutura celular é procariótica, mas, em nível molecular e genético, guarda grandes semelhanças com organismos eucarióticos. A noção de dicotomia da vida entre eucariontes e procariontes, que ainda domina a Biologia e influencia, em particular, a percepção sobre o grupo Archaea, está sendo lentamente revista por grupos atuantes em microbiologia. A diversidade e biologia das Archaea representam uma enorme contribuição à compreensão da Ecologia Microbiana(Woese, 1995).
Na prática, as Archaea são estudadas e agrupadas de acordo com o seu metabolismo e fisiologia, sendo alocadas em diversos grupos, como: as metanogênicas, os halófilos extremos (ou hiperhalófilos) e os termófilos extremos (ou hipertermófilos). Sem dúvida, as espécies de Archaea mais conhecidas são as metanogênicas, cuja classificação taxonômica molecular data de 1979, realizada por Balch e colaboradores (Balch et al., 1979).
Provavelmente, pela facilidade de estudos de ambientes anóxicos, ou mesmo pela sua importância em saneamento ambiental, existem cerca de 66 espécies de metanogênicas descritas, em contraste com aproximadamente 24 espécies de hipetermófilas e 18 de halófilas extremas (Sowers, 1995; Adams, 1995; Madigan et al., 1997).Contudo, o número de novas espécies descritas nestes dois últimos grupos vem aumentando, em razão do crescente interesse em estudos da diversidade de Archaea em novos ambientes, que empregam metodologias moleculares para a identificação dos organismos através de DNA extraído diretamente das amostras.
Os organismos do Domínio Archaea apresentam uma ampla diversidade metabólica e distribuição em hábitats considerados inóspitos aos demais seres vivos. Pouco se sabe, porém, sobre sua importância funcional nestes ecossistemas e sobre a atuação dos mesmos nos processos biogeoquímicos em ambientes não extremos.
Além disso, em termos tecnológicos, as descobertas de novos produtos microbianos gerados em ambientes extremos (e.g., enzimas extremófilas) realça o potencial de exploração deste grupo de organismos como fonte de novas alternativas para a Biotecnologia.
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